terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Estudo: Manuscritos arábicos permitem reconstruir o clima no Passado

Cientistas espanhóis analisaram um conjunto de manuscritos de estudiosos e historiadores iraquianos que incluem referências a eventos climáticos invulgares tendo determinado que aconteceram várias quedas abruptas da temperatura na região no século X, o que os levou a sugerir que o país sofreu mais eventos climáticos extremos e temperaturas mais baixas do que na atualidade, é referido num artigo publicado na revista Weather.

Uma equipa de cientistas espanhóis publicou recentemente na revista Weather um estudo que recorreu a análise de manuscritos de estudiosos e historiadores antigos para obter dados sobre o clima na chamada Idade de Ouro Islâmica.

Nesta altura, Bagdade era um importante centro de comércio da região, funcionando simultaneamente como um polo cultural, onde viveram estudiosos que produziram numerosos escritos sobre a época.

A maior parte destes escritos, que se focaram nos acontecimentos sociais e religiosos significativos mas também contêm referências a eventos climáticos invulgares, perdeu-se devido aos sucessivos conflitos e levantamentos populares, mas alguns documentos resistiram e foram agora analisados por investigadores da Universidade de Extremadura.

Os manuscritos da autoria al-Tabari, Ibn al-Athir e al-Suyuti, datando de 913 AD, 1233 AD e 1505 AD, respetivamente, revelam a ocorrência de quedas abruptas das temperaturas e registos de queda de neve em três ocasiões distintas entre 908 AD e 1007AD.

Estes dados levam os autores do estudo a sugerir que o Iraque sofreu, no Passado, uma maior frequência de eventos climáticos anormais e acentuadas descidas das temperaturas do que na atualidade – o único registo de neve na era moderna em Bagdade aconteceu em 2008.

O recurso a registos descritivos históricos como estes permite reconstruir o clima numa época prévia à utilização de instrumentos para caracterizar as condições meteorológicas e a importância destas reconstituições é explicada por Fernando Domínguez-Castro, que liderou o estudo: “A capacidade de reconstruir o clima no Passado permite-nos uma contextualização história útil para compreendermos o nosso próprio clima”.


Fonte: Naturlink

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